1/27/2009

Alguns Efeitos Secundários II

Sábado 17

De mares
com espumas de pedra
elevam-se aburres
com olhar de arrancar estrelas.

As unhas
formam um cortejo
de aterradoras ansiedades.

A angústia
do labirinto intestinal
estabelece regras para
impedir o descanso.

Antonio Martínez i Ferrer in Efeitos Secundários

Adenda: Efeitos Secundários, na pessoa do poeta, terá dupla data, portuguesa e espanhola, a anunciar no decorrer da semana.

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Privado feito público II

A vizinha de Olga não pára de gemer do princípio ao fim quando fode com o namorado. Quando está sozinha em casa, Olga deita-se no chão da sala, encosta o ouvido no chão frio e deleita-se com a ressonância sexual que ecoa dentro dela. Parecia-lhe estranho que alguém pudesse manter aquela melodia do prazer sem quebras de intensidade. Chegou a pôr a hipótese de que a rapariga realizava pequenos filmes pornográficos caseiros com banda sonora suspirosa. Ou então, tudo era possível no mundo do prazer, que os gemidos dela eram o canto da sereia com poderes encantatórios para atrair os homens. Nem quando a rapariga se distraía na meditação oral os sons do prazer se deixavam de ouvir, levando Olga a acreditar que ela gemia pelo nariz.
Normalmente, para Olga a duração do acto sexual prolongava-se para além do suportável, com pausas estratégicas para mudança de posição e recuperação dos níveis de apetência sexual. Nesse momento, o silêncio era uma página escrita com as indicações da vizinha fodilhona. Olga memorizava tudo para posterior ensaio com o marido, mas o grau de dificuldade em visualizar o que as palavras da rapariga murmuravam levavam-na a imaginar-se numa situação em que o acto sexual seria uma perversão artística de Gustav Klimt.
Olga nunca poderia compreender que os gemidos que a enfeitiçavam eram o prolongamento do corpo da rapariga. Cruzara-se com ela várias vezes nas escadas do prédio e achara-a vulgar e pouco atraente. Tinha uma voz quente e invulgar nos cumprimentos que lhe dirigia, e talvez essa particularidade fosse o seu lock quando estava completamente despida. Toda a luxúria residia na sua voz, e os vários namorados que frequentavam a casa dela eram possuídos por aquele trinado encantador. Está encontrada a explicação.
Já no fim da queca é que a melodia desafinava, pois eram três a cantar a mesma música e a gemer um refrão orgástico como se fosse um fado de prazer e solidão.

Fernando Esteves Pinto, in Privado

P.S. Apresentação pública de Privado, a publicitar em post próximo.

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1/26/2009

Internacional Itinerantista II

1/23/2009

Uma mão cheia de Transilvânia



VV e Ricardo Machado, à chegada a Cluj-Napoca



VV possesso, no gothic bar Umbra



Flash for fantasy, flesh for vampiria



On the Romania, ou pela ferroviária fora



Frio e fantasia, em Huiden



O cansaço na cara costuma adivinhar um regresso

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1/20/2009

Internacional Itinerantista I



Iniciei a Internacional Itinerantista, caderno de crónicas no portal Rascunho. Este é o Despegue. Para a semana, teremos Transilvânia Textualizada. No próximo post, fotos.

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1/15/2009

Caminhos do Canto

Amanhã eu e o Ricardo Machado, cumplice da casa, vamos às terras da Transilvânia, em missão Vampiria.


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Na bagagem, em vez de dentes de alhos e crucifixos, levo o novo romance do David Soares, também cumplice da casa.



Prometo publicar algumas fotos paisagísticas. Humanas, não me comprometo - os vampiros são imunes ao flash!

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1/14/2009

Alguns Efeitos Secundários I

Sexta-feira 18

Na solidão
a voz perde o grito.

As bombas estoiram,
os ventos de areia
enchem-se
de balas assassinas.

O terror ronda a vida.

Que será dos oásis
onde nasceu a primeira letra,
o primeiro verso?

Antonio Martínez i Ferrer in Efeitos Secundários

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Privado feito público I

4

Olga estava intrigada com uma situação que lhe ocorrera durante um acto sexual com o seu companheiro. Será que os casais com uma relação idêntica à dela, consideravelmente longa e saturada por todo o tipo de acontecimentos desprezíveis, ainda se olham como marido e mulher ou, por força da intimidade social (sexo, filhos e discussões), começam a revelar-se como dois irmãos mais velhos sobrecarregados de problemas familiares de difícil resolução?
No campo da sexualidade é um desconforto pensar-se que o casal gere os destinos da família e os prazeres dos lençóis como seres do mesmo sangue. No entanto, Olga sentia-se afectada por essa proximidade familiar e conjugal. Consciente do respeito paranóico que sentia por ele durante o acto sexual, nunca Olga conseguira libertar-se totalmente e revelar a mulher possante que existia dentro de si.
O respeito é um sentimento insolúvel quando se trata de sexo. É também um péssimo digestivo sexual. Uma mulher que vai para a cama com a sensação de respeito em relação à sua própria sexualidade, ou é santa ou mentirosa. Se é santa, oferece ao seu companheiro o altar do seu corpo e os gemidos de prazer são rezas interiores que murmuram no seu coração; mas se for mentirosa, deixar-se-á possuir por trás, resguardada do olhar de quem a fode.
Olga tinha uma fantasia que provava isso mesmo: imaginava-se deitada no seu quarto quando era visitada por um amante imprevisível: nem sonho nem pesadelo. Fantasia posta de parte, Olga transformava-se na mulher que a objectiva conjugal tinha pudor em registar. Exposta na cama numa configuração carnal do pecado, argumentando um desejo de masturbação irresistível, o seu corpo era o enigma sagrado da sexualidade reprimida. A sua imaginação tomava a forma de uma farsa da própria sexualidade. E Olga entregava-se à fantasia com todo o seu delírio e perdição.
O que sobrava para o marido, na monotonia das noites intermináveis, não ia além da nudez familiar de Olga e da sua respeitabilidade sexual.

Fernando Esteves Pinto, in Privado

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1/09/2009

Novos Cantos da Casa III


"Efeitos Secundários", do valenciano Antonio Martínez i Ferrer, é o primeiro canto escuro em idioma estrangeiro.

A edição é bilingue e foi traduzida aqui pelo VV. Começa com um prólogo do poeta espanhol Antonio Crespo Massieu. Na capa pode ver-se a gravura, "Velho sentado num baloiço", do génio gráfico do Goya.

Este poemário é um relato da experiência do autor, no tratamento da Hepatite C. Parte das receitas revertem a favor da associação Sos Hepatites.

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Novos Cantos da Casa II



"Privado", novela erótica do Fernando Esteves Pinto, é o primeiro do par de neo-cantos da casa a integrar a colecção Canto Espanhol.

É uma edição bilingue, traduzida pelo Manuel Moya. Precede-a um prefácio do Henrique Manuel Bento Fialho. Quanto á arte da capa, coube a autoria ao Manuel Almeida e Sousa.

Mais pormenores(partes, por exemplo) de "Privado", serão públicas nos próximos posts.

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Louvor e Simplificação do VV

Entretanto, a ilustre desconhecida Cláudia Freitas, alguns anónimos e o Changuito compõem Louvor e Simplificação do VV.

Os ânimos aquecem. Nós, entre cafes con leche y bikinis, agradecemos o esquentamento gratuito. E recomendamos à população civil que se mantenha sintonizada, no calor do casebre, abrigada da vaga de frio que faz lá fora e por toda a Europa.

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Novos Cantos da Casa I

Findas as festas, tenham fé na felicidade: haverá Festas em Fevereiro no Calendário da Canto Escuro. Em Portugal e em Espanha. Canto Espanhol, claro está.

Até já.

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1/07/2009

Canto citado, comentado e congratulado

1/02/2009

História com Pénis e Cabeça



Uma História com Pénis e Cabeça em vossa casa, à distância de um click, na loja online das Edições Mortas.

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1/01/2009

Odes desbobinadas

Uma Ode Metapoética aqui e um texto sobre todas as ditas odes no Volumen.

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