Cantos ao Vivo IV

Daqui a umas horas, no Ogâmico, na Rua Ruben A. Leitão, ali prós lados do Principe Real, aqui o editor, o autor Luís Paulo Meireles e o perfomancer e prefaciador Henrique Delgado vão fazer de "Tudo" e mais alguma copofónica coisa.

A minha bússola

Foto: S.S.

Amanha chego a Lisboa, cidade da Luz. Depois a luz indicará o Norte e seguir-se-à o Porto. E continuando em direcçao ao Norte seguir-se-à Praga. (Nao, este post nao necessita de errata para qualquer erro dactilógrafo, como muito de ter sido escrito num teclado português para ter os tiles nos ás).

Fiquem atentos que vos contarei que recantos desencantará a bussóla do canto.

Cantos ao vivo II

Discurso do Método, Nuno Rebocho II

e eu para aqui a esforçar-me para arrancar das entranhas este vício
de dar nomes a quanto me perturba: nomear tranquiliza.
identifico os fantasmas e eles arredam-se para que outras coisas
entrem pelo meu quarto com a luz da manhã (procuro
arrancá-las da penumbra para colocá-las ao colo da inquietação).
não importam os silêncios porque os ruídos ocupam a casa
e fazem companhia às sombras que se deitam ao lado da minha
dor de fígado: são assim as manhãs nesta casa onde habitualmente
acordo com a boca seca das desilusões destiladas no alambique
das esperas. e eu a esforçar-me para arrancar das entranhas
este vício de esquecer os nomes e de mandar para trás das costas
o que me perturba: esquecer tranquiliza. nesse momento deixam-me
os fantasmas para se confundirem com o ronronar do frigorífico.
lá fora limpam as ruas dos seus lixos e eu adivinho
as folhas que vão caindo das árvores como um discurso do tempo.

Tudo, Luís Paulo Meireles II

página um


breves lembranças da memória desfocada
a criança que já sou aqui ao pé
abraço as fotografias
o corpo livre e um livro
silêncio forçado ao esquecimento
uma estátua uma palavra
visão azul do nosso tempo
o sono a fugir da sombra
perde o orvalho infantil da manhã
silêncio universal

Cantos ao vivo I

Na próxima quinta-feira, 31 de Janeiro, pelas 22 h, eu e o Luís Paulo Meireles estaremos no Ogâmico para apresentar "Tudo" e mais alguma coisa.

Durante esta semana os novos cantos da casa, "Tudo", do Luís Paulo Meireles, e "O Discurso do Método", do Nuno Rebocho, cantarao por essas livrarias lisboetas e no início da semana que vem pelas portuenses.

Te invito

xv encuentro
internacional de
editores alternativos
punta umbría,
del 30 de abril al 3 de mayo de 2008

edita es un foro de ámbito internacional en el que se reúnen anualmente editores independientes y ediciones alternativas de carácter cultural para dar a conocer su trabajo y exponer nuevas fórmulas de distribución y difusión de las publicaciones. Este encuentro es un escaparate singular de las nuevas tendencias del arte y la literatura, y al mismo tiempo es un punto de encuentro e intercambio de experiencias donde los editores promotores de la bibliodiversidad y la cultura alternativa tienen la oportunidad de dar a conocer sus últimos proyectos así como plantear nuevas formas de colaboración y cooperación en el terreno de la edición. En su programa se oferta una amplia gama de formas de intervenir: ponencias, mesas redondas, presentación de publicaciones, proyecciones de vídeo, recitales poéticos, performances, conciertos, exposiciones, instalaciones, etc.

La organización del encuentro cubre el alojamiento, los desayunos y almuerzos de una persona por grupo o editorial en el Albergue Juvenil de Punta Umbría. Como viene siendo habitual uno de los días del encuentro realizaremos el tradicional almuerzo a bordo del barco por las Marismas del Río Odiel.

Si deseas participar en el encuentro debes remitirnos la ficha adjunta por e-mail a edita.edita@hotmail.com o por correo postal a edita Casa de Cultura. Plaza de las Artes s/n.. Punta Umbría 21100 Huelva, antes del día 29 de febrero de 2008

Los acompañantes que deseen asistir deberán enviar el justificante de abono de una cuota de 90 euros, antes del día 14 de marzo de 2008, en la c/c. nº.: 2098.0022.35.0132000161 de Cajasol, en concepto de inscripción, que incluye los gastos de alojamiento, desayunos y almuerzos, desde el miércoles día 30 de abril hasta el desayuno del martes día 4 de mayo. En el ingreso se debe indicar además del nombre, la editorial o grupo por el que asiste.
INFORMACIÓN:
Uberto Stabile
Tfno. 959.49.51.31 / 609.42.77.12 / Fax: 959.49.51.33
e-mail: edita.edita@hotmail.com

Organiza: A. C. 1900 / Ayuntamiento de Punta Umbría

P.S. Caros colegas editores, tugas e malucos, não tenham medo de se sentir desorgulhosamente sós em terras de Espanha, pois podem contar com o Canto pela Andalucia!

Discurso do Método, Nuno Rebocho

DISCURSO DENTRO DO SILÊNCIO


I

em que silêncio me descoberto por cuja porta falo
e em verdade vos digo a finitude de qualquer sem limite
aí descubro o meu hálito. e por aí me fixo na terrível balbúrdia
deste silêncio onde cada mar encalha
onde cada aventura perde a inocência e o seu pecado. onde
me desloque e de mim fale com a boca de falar dos outros
e de mim diga os outros silêncios que comportam
o mar e o seu contrário - a ansiedade e o seu contrário.
por isso é que o outro é o outro lado
e o outro lado se insatisfaz na mesma satisfação da inocència
e do seu contrário:
eu gostava de dizer estas coisas que me perturbam a pituitária
com as palavras mansas como os outros dizem às suas rapinas
- tens as pernas bonitas e quero cansar em ti a minha noite.
eu adorava esquecer as cores do meu umbigo e tê-lo de verde ou de prata
como se as pernas pesassem para travar os passos
ou a próstata tardasse na sua fatalidade.
eu gostava que o sentimento se esgotasse
numa noite de putas e o álcool apenas fosse o orgasmo
das árvores que nunca encontraram o caminho de sua casa.
dava tudo para que no silêncio só o silêncio corresse
sem o perdão da consciência e que o silêncio nunca me despertasse


para eu meter os outros dentro do sangue do meu silêncio

e aqui ficasse parado a falar de amor e dos asteróides
que decoram o espaço das minhas mortalidades acumuladas.


mas não: é porque chove no silêncio
que o sul descai para o hemisfério das angústias.
e hás-de perguntar por que chove
e hei-de morar no hemisfério leste das dúvidas.


é complicado, meu amigo, sentir trémulas as pernas da ternura
e saltar como um rato para o espelho das certezas
onde elas se retratam pelo seu inverso.

Tudo, Luís Paulo Meireles

quem fez do teu corpo uma planta

quem fez do teu corpo uma planta
a alma que se esconde na dor
vergada ao vento norte
nosso encanto e luz
a água em que te lavas já não corre no rio
os cabelos são ramos soltos sem vontade
cantigas das casas de hoje
monte vivo e ausente
esconde o livro aberto e perdido
segredos colados numa flor
sem cor nem olhar presente
vento que toca leve e sente
norte ausente perfume do céu
animal sem dono de mim mesmo
pastor do rebanho raro
o sonho a dobrar a nostalgia
os sentimentos da sombra morrem
a herança das madrugadas perdidas
raiz das flores passadas ficas tu e eu dividido
um olhar um amor vadio tudo de nada
nasce e morre o medo em mim

Novo ano, novos cantos

"Tudo", do Luís Paulo Meireles, e "o Discurso do Método", do Nuno Rebocho, sao os dois novos cantos da casa, a sair no Carnaval. Alguns poemas dos ditos irao cantar neste blog durante o mês de Janeiro para que se saiba do que se gasta de novo nesta casa.

Está confirmada a contrataçao - futebolisticamente falando, nao fossem 11 os cantos da casa Canto Escuro - de um autor estrangeiro. Posso, para já, contar-vos que é bom de bola e igual de prosa.

Novo ano, novo canto II

Novo ano, novo canto I