9/30/2007

O Meu Cinzeiro Azul II

Toda a grande poesia é um acto de libertação do poeta. Compreender esse acto de libertação é aceitar que ele seja, ao mesmo tempo, o princípio dinamizador da nossa própria libertação. Como queria Dilthey, a poesia, toda a arte, fala à nossa intimidade, na medida em que é a vida a expressar-se na sua forma mais pura. Compreender um poema é de igual modo um processo dinâmico de autocompreensão. Mais do que compreender o poema, nós compreendemo-nos a nós próprios através da leitura do poema. Por isso se torna tão evidente que muitas vezes a nossa compreensão do poema esteja bem distante da compreensão do seu autor, já que o verdadeiro poema é não aquele que está escrito, mas aquele que cada um constrói dentro de si no momento da leitura.

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